quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Sobrevida

Adoramos o Chile e com certeza voltaremos noutra oportunidade, porém no auge do inverno, pois daquela vez tínhamos ido em Setembro e a neve já era pouca.

Voltei ao médico.
Infelizmente, toda a quimioterapia e radioterapia não foram suficientes para banir o câncer de laringe. E em menos de 1 mês fui submetida a uma traqueostomia. Procedimento cirúrgico para abrir um orifício (estoma) no final do pescoço que liga a tráquea ao pulmão para que eu pudesse respirar, uma vez que já estava praticamente impossível devido ao rápido crescimento do câncer, que havia ficado muito agressivo.
E lá no Chile, eu achava que era por causa do meu corpo pesado e inchado de tanta medicação e radiação a razão por não estar conseguindo respirar direito. Na verdade era o tumor se fazendo presente.

Meu Deus como assim? Ficarei com esse buraco no pescoço pra sempre? É isso mesmo?



No ato da traqueostomia, fizeram a retirada e avaliação do local para compreender a extensão real do tumor no pescoço. E veio a outra parte triste desta história, será necessário a retirada da laringe inteira, ou seja, ficarei muda e com um buraco no pescoço.

Nem deu tempo de assimilar essa nova condição e já marcaram a cirurgia de resgate para semana seguinte. Termo utilizado para dizer: tira todo o órgão e margens comprometidas para resgatar a vida do paciente. SINAL VERMELHO. Será meu fim?
Falta mais alguma novidade ruim? Por favor! Jesus me ajuda vai!

Logicamente nada era mais importante naquele momento do que sair viva da cirurgia. Então os ouvidos ensurdecem, o chão se abre aos seus pés mediante o impacto da notícia.
Eu tinha só 40 anos, estava num casamento feliz de apenas 8 anos com o amor da minha vida e um filho maravilhoso de 18 anos que estava começando a conhecer a vida e a precisar muito de mim. A cirurgia levou mais tempo que o normal, dito pelo médico, pois a situação de fato estava passando do controle. Graças a Deus, tivemos ao nosso lado um profissional muito experiente, gentil e humano. Que nos acolheu prontamente duas semanas antes disso tudo acontecer, porque o profissional que me assistia até então não estava se sentindo seguro o suficiente para me salvar. Agradeço a Deus por este ato de humildade que ele teve ao me direcionar a outro especialista. Somos todos falíveis sim, mas humilde são poucos.


Rodrigo e Gabriel voltando do mergulho


Nesse meio tempo, a perplexidade, a confusão de informações, justamente pela falta delas, fazia com que a família e os amigos mais próximos ficassem muito preocupados com o término da cirurgia. Fiquei hospitalizada 10 dias. Nunca fiquei tanto tempo num hospital, aliás nunca gostei de estar em hospitais, quem dera ter ficar tanto tempo. Mas não tive outra alternativa. Fui muito bem atendida lá. Contei com a presença constante das minhas irmãs Desireé e Nicole, da minha afilhada Mariana, do meu filho Gabriel e do meu amado marido, Rodrigo, que dormiu todas as noites lá, me deixando mais tranquila e segura. Muitas pessoas especiais também me visitaram e cuidaram nesses dias difíceis, mas estes estiveram lá diuturnamente em revezamento. SEM ELES eu não teria conseguido! Tenham certeza disso.

3º dia após a Laringectomia Total

1º dia após a Laringectomia Total, muito feliz em ver meu filhote

Pois nem se quer conseguia tomar banho sozinha, pentear o cabelo, baixar a calcinha, ou seja, nunca necessitei tanto de ajuda como nessa ocasião, e tive!
Pensar que tinha medo de escovar os dentes, de deixar cair água dentro do buraquinho. De tomar banho? De moscas e pernilongos entrarem buraco a dentro. Um pânico infantil tomou conta de mim por uns 2 meses. Ficava apavorada com as tempestades e as quedas de luz. Sentimentos mega infantis que nunca havia tido. Penso que era reflexo do trauma físico e psicológico que ainda estava muito recente. Total fragilidade tinha se abatido sobre mim e meus esforços para vencê-la não estava surtindo o efeito necessário.

Gabriel e eu tomando sol
Operei no final de outubro, em meados de dezembro tive que recorrer a psicotrópicos, pois a depressão tinha se instalado silenciosamente junto com a falta da voz. Numa laringectomia, o cirurgião refaz o caminho do alimento (canal) via esôfago e reconstrói um outro do pescoço para a traqueia/pulmão para respiração. Neste novo canal, meu organismo criou uma fístula, ou seja, uma pequeno canal entre o esôfago e o estoma, onde o alimento e bebida poderiam entrar no pulmão. Ou seja, nada de comida ou bebida até que a fístula se fechasse por completo. Tive que ficar 6 meses com sonda nasal na qual me alimentava com suplementos específicos de 3/3h sendo 6 refeições ao dia. Ou seja, eu não saia do quarto. Além disso, usei uma faixa compressora de elástico no pescoço para fazer pressão e ajudar as peles do meu pescoço se aderirem novamente e portanto, fechar a fístula. Imagine 6 meses cuspindo sua própria saliva? Nada pela boca. caixas e caixas de lenços. Sem condições de receber visitas tendo que cuspir a cada min. Durante esse período tivemos Natal, Ano Novo, Carnaval, Aniversário do Gabriel, da minha Mãe, a Páscoa, entre outros encontros de família. No começo era difícil, depois já estava acostumada a vê-los comer e beber.

Dezinha, eu e a Toyzinha




Já não tinha mais meus avós e meu pai por perto. Minha mãe, outros irmãos e familiares ofereceram ajuda á distância, mas Graças a DEUS tive irmãs, marido, filho e alguns amigos que estiveram ao meu lado incansavelmente. E isso é o que qualquer pessoa numa situação de extrema fragilidade precisa: AMOR!
Muitas outras pessoas fizeram a diferença neste momento da minha vida e jamais vou esquecer de cada uma delas que de alguma forma demonstrou amor, amizade, carinho e solidariedade a minha família. Claro, que também houveram os omissos, os faltantes, os que já te consideravam carta fora do baralho. Mas com certeza eles continuam não fazendo falta em nossas vidas!

Isso faz parte da oração que faço desde muito pequena: "Livrai-me Senhor de todo o mal, Amém!"

Beijos gordos e doces da Mel

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Chile, pra que te quero!!!

E lá fomos nós, curtir 5 dias de novos ares com esperanças renovadas após o tratamento do câncer de laringe. Confiantes de termos nos livrado desse mal para sempre e convictos de que muita coisa deveria mudar para vivermos melhor daqui pra frente.

Viajar é mágico. Ele te transporta por ruas, paisagens, sabores e amoras nunca antes visto. E que interage perfeitamente como num passe de mágicas. É necessário a alma. Pelo menos para as nossas.

Voar, voar, subir, subir. Como é boa essa sensação não é mesmo? Estar mais próximo de Deus :)

Capitão Rodrigo, eu, e o Anjo Gabriel

A vontade de dar as costas aquela realidade passada tão breve era clara para ambos. Então era como soltar um longo e aliviante suspiro em trio. E os sorrisos encabulados começavam a surgir em nossos rostos. Como eu amo vocês. Obrigada meu Deus, presente maior não há.

Pietá atrás e nossos agradecimentos a Deus.
Cordilheira dos Andes ao fundo.


Passeamos pela cidade, mercado público, shopping, avenidas, padarias e tudo que nos chamava a atenção. Mas como esses dois juntos, tudo se tornava muito diferente, prazeroso e emocionante. Era como "se" não estivesse acontecendo, sei lá. estávamos em slow motiom. Respirando apenas.

Dois objetivos estavam claramente definidos no roteiro desta  viagem. o primeiro era ver e comer o maior caranguejo de águas salgadas, o famoso Centoya.

Se morder, vai virar o Homem Aranha.
Olha o tamanho do bixinho.



Ah, e a segunda, não menos prazerosa é a neve. Branquinha e reluzente. O Sol maravilho nos aquecendo, uma vez que já estava frio em Santiago, no Vale Colorado então, nem gosto de lembrar.  Eu já sentia muita dificuldade para respirar, então o simples fato de caminhar já estava custoso. Portanto não me atrevi subir e descer as montanhas de gelo, apesar de que estava louca de vontade. Uma vez surfista, skatista, patinadora, sempre corajosa. Mas infelizmente não tinha força física para fazer, uma pena. But, I'm Back. Mas vê-los brincando, correndo com um sorrisão no rosto transpunha qualquer necessidade que eu pudesse ter.

Astro Rei acariciando a neve.

Vocês não sabem o quanto caminhamos para chegar até aqui

Olha o estilo do cara

Esquiador profissional

Timão eh oh

E sem sabermos, realizamos nossa última viagem internacional juntos em que eu ainda tinha minha voz, que eu cantava e gargalhava gostoso. Se eu soubesse que não poderia mais nadar e mergulhar, tínhamos ido para o Hawai realizar um sonho muito antigo. Mas Deus sabe o que faz. E curtimos muito e de várias formas essa linda viagem de celebração a vida, ao amor, a solidariedade e a amizade entre pessoas comuns e que por acaso, se encontraram nessa vida, se amam muito e são da mesma família.


Beijos gordos e doces, Mel.



terça-feira, 30 de julho de 2013

Provas de fogo ou Pá de cal ?

É, por mais que estejas sofrendo ou com alguma dificuldade, a Vida não Para.

Durante a primeira biópsia de investigação em março de 2010 estava muito fragilizada com a perda do meu amadíssimo avó materno. Fazia apenas 20 dias, e ainda estava muito abalada.

O gaúcho Tupinambá Índio Brasileiro do Amaral faleceu aos 92 anos, numa quinta-feira, dia 5 de fevereiro de 2010 no antigo Hospital do Cepon no centro de Florianópolis. Vítima de um câncer de bexiga e complicações generalizadas.

Pai de verdade. Amor eterno.


Homem forte, de pensamentos e atitudes que marcaram toda nossa família por sua honestidade, personalidade, generosidade e lealdade com todos.

Trabalhou muito duro por anos, e quando finalmente conseguiu um pedacinho de terra pra chamar de seu e nela gozar de sua merecida aposentadoria, eis que seus 6 netos menor de idade aportam em sua casa pra morar devido a separação de sua filha e genro. Ninguém merece né!

Com certeza ele apavorou, mas não negou abrigo, amor, ensinamentos e cuidados de um pai.
Jamais esquecerei tamanha atitude de solidariedade e generosidade comigo e meus irmãos.
Serei eternamente grata a ele e a minha amadíssima avó Irene Ayda Thomé do Amaral hoje com 91 anos sob os cuidados de uma clínica em Porto Alegre para tratamento do Alzheimer.

Minha amada avó Aydinha.

As vezes me pergunto se não é melhor mesmo esquecer de tudo de vez, ao invés de ter que conviver com a falta do companheiro de 65 anos. Ela diria: minha riquinha, Deus sabe o que faz!

Então, sofrendo pelo falecimento do meu avô, pela internação da minha vó, pelos sintomas físicos e o medo da confirmação da minha doença, meu pai, Euclides Ribeiro falece repentinamente exatos 6 meses depois.

No dia 5 de agosto de 2010, numa quinta-feira também, minha madrasta liga e diz: teu pai tá caído aqui na sala! Eles moravam em Balneário Camboriú  que fica 100 km de distância de Florianópolis, onde moro.

Meu herói, meu bandido.

Mas as 6 da tarde, no horário de rush numa capital, o tempo dobra para chegarmos até lá e prestar o devido socorro.

Cerca de 1 mês depois, nos reunimos para juntos organizarmos o inventário do pai e naquela noite mais um fato extremamente desagradável fez com que meu estado emocional e físico fossem a nocaute por completo.  De onde tirar ainda mais forças para continuar?

Que dias Senhor. O que mais falta acontecer? O que queres me dizer diante disso tudo? No que me agarrar? O sentimento de abandono, de profunda tristeza e da completa falta de perspectiva familiar me colocaram num buraco fundo, gélido, escuro por alguns meses. Algo dentro de mim morreu!

Tudo que pensei ter construído em sentimentos, amizade, cumplicidade e disponibilidade para a minha "grande" família acabara totalmente.

Sem amor, sem respeito, sem admiração, sem perdão e sem arrependimento não existe relação.

Os HERÓIS, todos mortos! Inclusive e principalmente eu.

O natal deste ano foi muito diferente dos anteriores, pois minha "pequena" família decidiu ir pra Gramado e Canela sentir o encanto das lendas de papai noel, dos bonecos de neve, dos homenzinhos de bolacha afim de proporcionar alegria e diversão aos nosso corações.

Desfile soldadinhos de chumbo
Natal Luz no lago em Gramado

Desfile dos bonecos de neve


E com certeza aquela magia e o brilho das luzes ascenderam novamente em nós o verdadeiro amor que o menino Jesus nos ensina a ter por todos durante o ano inteiro, não somente no Natal.

Beijos gordos e doces, Mel














Acabou? Estou curada?

Era muito estranho pra mim rever alguns amigos e familiares num momento tão delicado, incerto e frágil da minha vida. Onde tudo que eu era: alegre, falante, entusiasta, divertida tivesse congelada num passado tão próximo. Era um completo sentimento de inadequação. O medo do "depois" travava o riso.

As perguntas eram inevitáveis, lógico, as pessoas que te amam, se preocupavam comigo, queriam entender os próximos passos, em fim. Mas nós mesmos não sabíamos ao certo.

As festas, reuniões com os amigos, os passeios estavam cada vez mais escassos, pois a vontade era de ficar em casa quietinha, esperando isso tudo acabar logo e daí poder fazer e contar planos aos outros.

Trabalhei com Marketing e Eventos muitos anos, e nos últimos 6 anos, minha empresa estava entrando num período de colheita, afinal anos plantando, aprendendo e ensinando.


Amor da minha vida, parceiro de todas as horas, Capitão Rodrigo e eu.

 
Sempre fui a mola propulsora, a comunicadora, quem de fato articulava os negócios para empresa e ai as coisas começavam a se complicar. Minha voz já estava bastante comprometida impediam reuniões de negócios, conversas telefônicas, em fim. Alguns clientes, parceiros e fornecedores já sabiam do meu desafio e ficavam bastante consternados em ter que falar comigo, e isso só aumentavam a sensação da total perda de controle da minha vida.

Minha motivação para continuar era praticamente zero. Trabalhar, ganhar novos clientes, fazer dinheiro era totalmente sem importância diante da batalha que eu tinha que travar comigo mesma durante algum tempo. a batalha da Resiliência, da Aceitação, da Esperança em dias melhores apesar dos ventos fortes que sabíamos que viriam.

Já estávamos na 12ª sessão de rádio e na 4ª sessão de quimio, ou seja, já tinha percorrido 1/3 da caminhada.

Minha quimio apesar de forte por ser 1 vez por semana, não me levou a nocaute totalmente e pelo que tudo indicava teríamos um relacionamento amigável até o final do tratamento.

Já a radioterapia era um martírio diário. Já contei no post anterior que eu não podia me mexer. Que eu usava uma máscara presa a mesa. E o que fazer com aquela tosse infernal? Mentalizava luzes violetas transmutando a vontade de tossir por muita paz e tranquilidade para realizar a sessão bem calma e segura.

Era necessário, então coragem e fé por dias bem melhores era o pensamento. E lá fizemos as 40 sessões de radio, que teve um intervalo obrigatório, uma vez que o laser agrediu tanto a pele que ela rasgou. Imagine a dor? Mas toca pra frente que atrás tem gente. E finalizamos esse plano de tratamento em Julho de 2011.



Eba, acabou. Estou curada? A minha voz vai voltar? Essa sensação de ter uma bola de pêlos na garganta vai acabar quando? Que exames, quando,  vamos fazer e comprovar que me curei?
Essas e mais um monte de perguntas pulavam na cabeça de um lado para o outro quando o tratamento "acabou".

Então minha oncologista disse: querida tenha paciência, viva normalmente estes dias e volte aqui no começo de outubro para fazermos novos exames. Ou seja, ela me deu 2 meses de "folga" e decidimos viajar em família para desopilar um pouco do ambiente da "doença". Mas sabe aquela sensação interna de que o filme não tava perto do fim? É a tal intuição? Deve ser, pois não me sentia bem. Mas achava que era a quantidade excessiva de corticoides, tranquilizantes, anti-inflamatórios, em fim, a bomba química que levei pelos últimos 3 meses que me faziam sentir isso.

Lá fomos nós de malas e coragem tentar "esquecer o amanhã e ser feliz" !



Beijos gordos e doces, Mel

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Legado

Ontem, meu filho Gabriel retornou de um evento de treinamento e reciclagem pessoal de um Grupo Social que ele participa e voltou congratulado com o 2º lugar nacional como destaque na realização de Workshop que visam agregar novos universitários na busca de um mundo melhor e mais justo com todos. Que baita orgulho! Vivendo numa geração de jovens que está dividida entre o alto consumo e na completa falta de valores, ele está preocupado em fazer melhor pelos outros! SIM, muito orgulhosa de saber que as pequenas sementes que plantamos no seu coração está germinando firme e forte.
Obrigada a todos que conviveram conosco e deixaram a melhor parte de si para nós!
Me diga se isso não é uma bênção? Temos hoje, exércitos de jovens multiplicando informações, ferramentas e cases de geração de negócios que agregam valor as pessoas, as comunidades, a natureza e ao convívio social.

Melissa e Gabriel - Presente da Nanete

É a verdadeira prática do Amai-vos uns aos outros, não é mesmo Senhor?

Eu creio de todo meu coração que sim. E fico muito orgulhosa de saber que meu filho enxerga, realiza e projeta coisas muito melhores para a sociedade.



Isso são os valores reais, absolutos e necessários para uma vida plena que estão sendo incutidos nesses jovens e que vão com toda certeza fazer o mundo melhor.

Obrigada Senhor, por ter me dado um filho tão maravilhoso e a oportunidade de vê-lo planejar, realizar e evoluir nessa busca.



De novo estamos mencionando os valores, a busca individual, o amor as pessoas, a solidariedade e tudo aquilo que por muitas vezes deixamos de lado para viver o dia a dia, o corre e corre. E ao final do dia, nem sempre estamos satisfeitos, felizes e realizados. Sabe porque? Porque falta aquele algo mais que é imprescindível ao ser humano: paixão por fazer. Não pelo ter!

Ter sucesso, ter dinheiro, ter reconhecimento, sentir-se feliz e realizado é consequência do fazer com paixão!

Sempre tive meu avó Tupy como um cara idealizador. Aquele que tem suas crenças, seus valores, seus sonhos e sua atitudes que consolidam o restante como figura "verdadeira". Gente de verdade, não aquele pai que finge ser super herói, que não diz estar chateado, que não te incentiva a ser honesto, a ser humano. Que quer apenas que você SEJA ALGUÉM com o único objetivo de ganhar dinheiro.

Afinal, se fizeres algo que goste muito e colocares todo empenho e dedicação nisso, o resultado virá com toda certeza. Então SEJA VOCÊ!



Somos resultados de nossas escolhas, sempre! Pense nisso com o peito aberto, sem mágoas, sem frustrações, apenas como reflexão para um aprendizado pessoal.

Foi emocionante ouvi-lo dizer que retornou deste encontro transformado e feliz. Mérito próprio, pois sua escolha que o levou até esse sentimento de realização e felicidade.

Que Deus abençoe essa juventude, guarde-os com todo carinho para que possam realizar muitos dos seus projetos em busca de uma realidade social melhor para todos.

E se algum dia me perguntarem que legado eu deixei, eu direi: o amor, a solidariedade, a amizade, a presença, a coragem, a alegria e muitos sorrisos. 

Beijos doces e gordos da Mel



segunda-feira, 22 de julho de 2013

Revendo a vida

Viva Intensamente! Mas com valores!

Creio que já ouviram isso antes. Eu também.

E assim vivo até hoje. Com tudo e com todos. Nos momentos de alegria, tristeza, fúria, indecisão, riqueza, pobreza, saúde e quando da falta dela.

Pra mim não existe meias verdades, meio afeto, meia confiança, meio desejo, meia amizade ou meio amor. Não sou radical nem extremista como possam pensar. Apenas sou por inteiro.

Durante esse período de tratamento, a busca pelo re-SIGNIFICAR a vida tem sido constante e me fez perceber o quão intensa eu realmente sou com tudo. Com meus afetos, com meus valores, conceitos e vontades. Continuo no processo, portanto não ousaria dizer se estou ou se estivesse certa durante estes anos todos. Mas posso afirmar que sinto dentro de mim um saldo muito positivo no coração e na consciência em relação as minhas atitudes até aqui. Com certeza houveram falhas e faltas de minha parte. Mas pretendo me perdoar e pedir perdão por elas, mesmo que em pensamento, para estar livre do que a consciência registrou e matou de alguma forma.

Por longa data, ouvi algumas frases que causaram em mim grandes feitos até hoje. Diria inclusive que elas nortearam meus passos, meus sonhos, meus valores e meu EU até hoje.

  "a única coisa que tens teu de verdade é o seu nome, zele por ele"
"teu ganho será sempre proporcional ao teu risco"  
"não faça aos outros o que não deseja pra si"
"busque sempre o ser, depois o ter"
"quem muito se abaixa, mostra o traseiro"
"o trabalho dignifica o homem"
"aqui se faz, aqui se paga"
"o fruto não cai longe da árvore"
"me diz com quem andas e te direi quem és"
"você é do tamanho dos seus sonhos"
" Deus não te dá fardo maior do que possas carregar"
"ora, ora, e Deus melhora"
"tudo vale a pena se a alma não for pequena"
"na dúvida, não tome decisões"
"escute seu coração"


Ouvi tudo isso e muito mais dos meus avós maternos, pessoas maravilhosas que sofreram um tanto na vida para conseguirem sua casa própria aos 70 anos aproximadamente. Meu avó teve seu primeiro e único carro nesta ocasião, mas por falta de saúde ocular se quer pode usufruir de sua conquista. 

Minha avó Ayda, eu e meu avô Tupynambá. Amores eternos


Olhando pra traz, a gente percebe o quanto evoluímos, e o quanto regredimos até aqui. Você lembra de como éramos educados, e como educamos nossos filhos hoje?
No que diz respeito a modernidade, acho louvável que tenham mais facilidades de acesso a informação e carreira do que antes, mas sinto imensa saudade de alguns valores que vivi. Como por exemplo: dar beijo de boa noite nos pais, de bom dia, fazer as refeições juntos, ter diálogo a mesa, ajudar nas tarefas domésticas com prazer, com a certeza de que colaborar com os pais é algo lógico e não imposto.Pois além de educar a dar valor o que se tem e ganha, é ensinar a fazer, é passar conhecimento aos filhos. A maioria das moças de hoje mal sabem cozinhar. Cuidar de uma casa. Pregar um botão. Os meninos não tem a menor familiaridade com a simples troca de lâmpada, apertar um parafuso de uma tampa de panela, fazer uma horta. Ou seja, não estamos preparando nossos filhos para serem pais zelosos que vão ensinar seus netos a cuidar dos bens da casa, sem achar que tudo é descartável. Podem não avaliar isso ainda, mas com certeza a simplicidade vai ser artigo de luxo muito em breve.

Tive o Gabriel aos 22 anos, pra mim foi o ideal, pois como meu trabalho era autônomo e eu já tinha atingido uma estabilidade financeira regular, não havia motivo de lamúria, muito pelo contrário, a hora foi a certa! Pois sempre quiz ter filho homem e cedo, para que eu pudesse curtir a companhia dele ainda jovem e com saúde. Afinal, no começo de sua vida eu trabalhava demais e nosso tempo era mais limitado. 


Amamentando meu anjo


Gabriel com 1 ano e 9 meses

Me separei quando ele tinha 5 anos de idade e fomos experimentar uma vida  a dois em Sampa. Foi muito enriquecedor estarmos longe de toda a família e vivendo coisas novas, construindo uma nova rotina e estilo de vida. 
Nosso grupo de amigos era bastante eclético. Tínhamos a galera da espiritualidade, dos churrascos musicais, das aventuras esportivas como raffting, em fim, a intensidade estava sempre presente.
Lá desenvolvemos juntos a paixão pelo Corinthians. E assim é até hoje. Parceiros sempre.

Eu e Gabriel com 7 anos
Conquista da Libertadores
Hoje com 20 anos, universitário, muito inteligente, dedicado, voluntário de causas sociais, em fim, um baita companheiro para tudo. Lava, passa, limpa, pendura, recolhe, dobra, arruma, cuida, zela, coopera, só não cozinha (ainda). Um dia, há 10 anos atrás disse que queria ser Chef de cozinha, mas não rolou hahahahaha. Durante nossa vida juntos, sempre tivemos a ajuda de alguém no período que ele era menor, para que eu pudesse trabalhar, mesmo assim ele tinha as suas obrigações a cumprir e isso fez toda a diferença na sua criação em relação a outros jovens que conhecemos.

Colo de mãe é sempre bom

Por vezes pensamos estar fazendo a coisa certa e na verdade tá tudo errado e vice e versa não é mesmo?

Mas quando recebi o diagnóstico de câncer e o chão abriu-se embaixo de mim começou a revisão total sobre a minha vida até aquele momento. Esta será minha grande jornada daqui pra frente.

Com toda certeza, a maternidade do Anjo Gabriel, me encheu de todo amor que sempre senti falta!
Minha vida tem as tuas cores. Fazendo o melhor para acertar e com amor sempre!

Beijos doces e gordos da Mel

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Quimioterapia X Aniversário



Quimioterapia comemorativa

A clínica onde fiz minhas 8 sessões de quimioterapia é bastante agradável e conta uma equipe muito amorosa e gentil para atender a todos de forma bastante dedicada, o que facilita 100% a realização do doloroso processo.

Cheguei ás 8h30 junto com meu marido e companheiro como de costume para receber a 5ª aplicação. Neste dia ele alegou ter que ir trabalhar e me deixou lá sentadinha sob os cuidados do pessoal. Enrolada num cobertor fiquei aguardando a aplicação que trazia uma enorme sensação de frio, além do enorme peso nos braços e pernas. Era como se estivessem injetando cimento nas veias, e a medida que ele secava as veias endureciam e pareciam querer estourar.

Eis que, o amor da minha vida, o Rodrigo meu marido, retornou a clínica cerca de 40 min depois com flores nos braços, bolo de chocolate com velinhas e todos se puseram a cantar o parabéns pra você.

Você consegue imaginar a cena? Vários pacientes deitados em poltronas reclináveis, conectados a medicação, cantando parabéns pra você para uma desconhecida?

A emoção foi geral. Muitos choraram, depois rimos, comemos bolo, em fim, vivenciamos um verdadeiro paradoxo. Estarmos alegres e felizes fazendo quimioterapia. Só os loucos sabem....

No meio disso tudo, chega um baita embrulho pra mim. Um lindo urso de pelúcia que minha amada irmã Desireé mandou junto com várias cartinhas de amor de sua família. Amei, nunca tive um urso.

Eu e Thor na quimio



Meu amado e companheiro filho, Gabriel foi nos encontrar na clínica depois de uma prova e fomos almoçar juntos num restaurante que já faz parte de todos os aniversários da família. Quem nos conhece a bastante tempo sabe aonde fomos, hahahaha.

Comida saborosa, companhias maravilhosas e insubstituíveis na minha vida e ainda ganhar um anel de brilhante? Também nunca tive um antes. Marido apaixonado e esperançoso sempre.

Pra coroar o dia, afinal não se faz 40 anos todos os dias, muito menos em pleno tratamento de câncer, então os paparicos continuaram pois o filhote me presenteou com um lindo tercinho de pérolas e ouro para eu usar no pescoço, uma graça. Mais um lindo gesto de amor e esperança.

A foto abaixo, expressa todas essas alegres surpresas num dia que ficou gravado na minha alma e coração para sempre.

Brilhante dentro de um chocolate, ahh que surpresa


Todos os momentos daquele dia ficaram gravados no meu coração como a maior joia que um Ser Humano pode oferecer a outro: Compaixão, Solidariedade e Amor.

Obrigada Deus por ser tão generoso comigo!

Obrigada vocês todos por existirem em minha vida! Amo vocês demais :)

Beijos gordos e doces da Mel