terça-feira, 30 de julho de 2013

Acabou? Estou curada?

Era muito estranho pra mim rever alguns amigos e familiares num momento tão delicado, incerto e frágil da minha vida. Onde tudo que eu era: alegre, falante, entusiasta, divertida tivesse congelada num passado tão próximo. Era um completo sentimento de inadequação. O medo do "depois" travava o riso.

As perguntas eram inevitáveis, lógico, as pessoas que te amam, se preocupavam comigo, queriam entender os próximos passos, em fim. Mas nós mesmos não sabíamos ao certo.

As festas, reuniões com os amigos, os passeios estavam cada vez mais escassos, pois a vontade era de ficar em casa quietinha, esperando isso tudo acabar logo e daí poder fazer e contar planos aos outros.

Trabalhei com Marketing e Eventos muitos anos, e nos últimos 6 anos, minha empresa estava entrando num período de colheita, afinal anos plantando, aprendendo e ensinando.


Amor da minha vida, parceiro de todas as horas, Capitão Rodrigo e eu.

 
Sempre fui a mola propulsora, a comunicadora, quem de fato articulava os negócios para empresa e ai as coisas começavam a se complicar. Minha voz já estava bastante comprometida impediam reuniões de negócios, conversas telefônicas, em fim. Alguns clientes, parceiros e fornecedores já sabiam do meu desafio e ficavam bastante consternados em ter que falar comigo, e isso só aumentavam a sensação da total perda de controle da minha vida.

Minha motivação para continuar era praticamente zero. Trabalhar, ganhar novos clientes, fazer dinheiro era totalmente sem importância diante da batalha que eu tinha que travar comigo mesma durante algum tempo. a batalha da Resiliência, da Aceitação, da Esperança em dias melhores apesar dos ventos fortes que sabíamos que viriam.

Já estávamos na 12ª sessão de rádio e na 4ª sessão de quimio, ou seja, já tinha percorrido 1/3 da caminhada.

Minha quimio apesar de forte por ser 1 vez por semana, não me levou a nocaute totalmente e pelo que tudo indicava teríamos um relacionamento amigável até o final do tratamento.

Já a radioterapia era um martírio diário. Já contei no post anterior que eu não podia me mexer. Que eu usava uma máscara presa a mesa. E o que fazer com aquela tosse infernal? Mentalizava luzes violetas transmutando a vontade de tossir por muita paz e tranquilidade para realizar a sessão bem calma e segura.

Era necessário, então coragem e fé por dias bem melhores era o pensamento. E lá fizemos as 40 sessões de radio, que teve um intervalo obrigatório, uma vez que o laser agrediu tanto a pele que ela rasgou. Imagine a dor? Mas toca pra frente que atrás tem gente. E finalizamos esse plano de tratamento em Julho de 2011.



Eba, acabou. Estou curada? A minha voz vai voltar? Essa sensação de ter uma bola de pêlos na garganta vai acabar quando? Que exames, quando,  vamos fazer e comprovar que me curei?
Essas e mais um monte de perguntas pulavam na cabeça de um lado para o outro quando o tratamento "acabou".

Então minha oncologista disse: querida tenha paciência, viva normalmente estes dias e volte aqui no começo de outubro para fazermos novos exames. Ou seja, ela me deu 2 meses de "folga" e decidimos viajar em família para desopilar um pouco do ambiente da "doença". Mas sabe aquela sensação interna de que o filme não tava perto do fim? É a tal intuição? Deve ser, pois não me sentia bem. Mas achava que era a quantidade excessiva de corticoides, tranquilizantes, anti-inflamatórios, em fim, a bomba química que levei pelos últimos 3 meses que me faziam sentir isso.

Lá fomos nós de malas e coragem tentar "esquecer o amanhã e ser feliz" !



Beijos gordos e doces, Mel

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